Brasil avalia uso de doxiciclina como prevenção contra sífilis e clamídia
O antibiótico tem sido empregado em estudos científicos mundialmente como uma forma de prevenção, especialmente contra sífilis e clamídia, embora de maneira off-label, ou seja, sem indicação oficial na bula.
O uso da doxiciclina como estratégia de prevenção contra infecções sexualmente transmissíveis (ISTs), conhecida como DoxiPEP, está ganhando popularidade no Brasil, embora ainda não seja regulamentado no país. O antibiótico tem sido empregado em estudos científicos mundialmente como uma forma de prevenção, especialmente contra sífilis e clamídia, embora de maneira off-label, ou seja, sem indicação oficial na bula.
Neste contexto, a doxiciclina funciona de maneira semelhante à pílula do dia seguinte: após a prática de sexo oral, anal ou vaginal sem preservativo, a pessoa deve tomar dois comprimidos entre 24 e 72 horas após a exposição, o que pode reduzir o risco de ISTs bacterianas.
De acordo com Pâmela Cristina Gaspar, coordenadora-geral de Vigilância das Infecções Sexualmente Transmissíveis (Cgist), a utilização da doxiciclina como profilaxia para sífilis está em avaliação para possível implementação no Sistema Único de Saúde (SUS), mas ainda não há previsão para adoção em larga escala. Ela destaca que a análise técnica está em andamento, levando em consideração as evidências científicas e o impacto orçamentário, além da importância de monitorar a resistência antimicrobiana.
A DoxiPEP tem sido defendida por médicos e pesquisadores como uma medida para combater o aumento de casos de sífilis, especialmente nos últimos três anos, quando os diagnósticos da doença no Brasil cresceram em média 11% ao ano. Um estudo publicado na JAMA Internal Medicine em janeiro de 2025 mostrou que a adoção da DoxiPEP em São Francisco reduziu em 49% os casos de clamídia e 51% os de sífilis em 13 meses, comparado ao cenário sem o uso do protocolo.
É importante observar que a maioria das pesquisas sobre a DoxiPEP foi realizada com populações que já fazem uso da profilaxia pré-exposição (PrEP) contra o HIV, tornando as evidências mais robustas para homens que fazem sexo com homens e mulheres transgênero.
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